quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Vem SALTAR connosco

Nasce mais um movimento de estudantes numa faculdade de Lisboa.
Desta vez é o SALTA - Saúde, Alternativa e Acção, na Faculdade de Medicina Universidade de Lisboa.



O SALTA surge da necessidade de chamar mais alguém. Não queríamos andar para aqui aos pulos sozinhos, num parque só nosso. O SALTA aparece porque queremos discutir e mudar as coisas. Dar-lhes a volta, saltar-lhes por cima. Se quiseres juntar-te, é muito fácil, basta aparecer. Não há fichas de inscrição nem códigos secretos. Só não salta quem não quer.

Salta em http://salta-fml.blogspot.com/

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Porquê a distância ?

É algo que alunos e professores pouco ou nada se questionam, afinal sempre foi assim desde o meu primeiro dia de aulas... Professores e alunos, apesar de partilharem o mesmo espaço, os mesmos problemas, e perspectivarem futuros muitas vezes semelhantes, continuam a julgar-se muito distantes (veja-se os ultimos ataques ao Ensino Superior Público: cortes orçamentais, Bolonha, RJIES, emprestimos em vez de bolsas... Professores e alunos, apesar de partilharem das mesmas opiniões nunca se juntaram! Porquê?). A interacção aluno-professor limita-se aos horários escolares e aos temas programados por alguém para um curriculo “perfeito”, sendo o mais “competitivo” possível, correspondendo cada vez mais (apenas) ás necessidades empresariais. Não sobra tempo para discutir a Vida e a Escola dentro desta?


Hamid Bahrami/Iran


Um dos maiores problemas do movimento estudantil é a falta de memória, pois a maioria dos alunos vai-se embora da faculdade ao fim de 5 ou 6 anos... Uma das maneiras para resolver este problema é a entrada de professores (possuidores de maior memória) no movimento estudantil. Portanto é necessário que estas duas partes se aproximem, troquem ideias e experiências, e procurem juntas novas (ou talvez velhas) perguntas e respostas. Porque não há aquele que ensina e o que aprende, a aprendizagem é mutua.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

]movE[ TV

Começa aqui a rubrica ]movE[ TV.

Ali ao lado há o ]movE[ TV que começou como uma brincadeira e já tem história.


Numa versão ainda beta (onde ainda não ostentava o estatuto de televisão) houve um vídeo de música dos
Crystal Castles, Air War, e uma demonstração de slackline. Já em formato da caixa que mudou o mundo veio o Sleep Now in the Fire, dos RATM, e depois vieram os dois vídeos de que vos vou falar.

Mas antes de mais, interessa explicar, afinal, o que é isto da rubrica ]movE[ TV.

Ora é muito simplesmente uma breve explicação dos vídeos que passamos por aqui. Porque é importante explicar porquê, além de simplesmente mostrá-los. É também uma maneira de manter um registo, uma maneira de poder ver e re-ver.

Como a programação já vai avançada, esta primeira edição começa já pelo
projecto 28 millimetres, e pelo vídeo de música Awa, do autor David Walters.

JR é um fotógrafo-activista parisiense que se 'celebrizou' por colar, ilegalmente, grandes impressões das suas fotografias de supostos membros de gangs dos subúrbios e guetos de Paris, nas paredes de espaços públicos, à vista de toda a burguesia. JR transforma as ruas na sua galeria, enquanto provoca e obriga os que passam a confrontarem-se com uma realidade que não querem ver. O seu projecto 28 millimetres retrata, de muito próximo (literalmente), uma geração, com uma lente de 28mm. O vídeo é uma mostra do processo que vai desde algumas sessões de fotografia até à colagem das grandes impressões (aprendam com o mestre!).
Face2Face é outro projecto seu, onde foram coladas fotografias de Israelitas e Palestinianos, em ambos os lados do muro que os divide. São retratos de pessoas aparentemente iguais, que falam quase a mesma língua, como irmãos gémeos criados em famílias diferentes.
Artisticamente, JR, faz a, já velha (começa com os Futuristas italianos, no início do séc. XX, que apelidavam de cemitérios os museus e bibliotecas, exigindo a sua destruição), questão do papel dos museus e galerias na arte.


David Walters nasceu na ilha caraíba de Martinica e vive agora em Marselha. É sua a banda sonora do vídeo para o projecto 28 millimetres e Awa, que significa não nas Caraíbas, é o nome do seu último álbum e da primeira música do disco.

referências:
http://www.lensculture.com/jr.html
http://www.28millimetres.com/index_en.html
http://www.face2faceproject.com/
http://epiderme.blogspot.com/2005/11/serralves-e-condio-contempornea-i-1.html
http://www.davidwalters.fr/

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Contra o novo Tratado para uma Constituição Europeia

DIA 18 DE OUTUBRO QUINTA-FEIRA :: FAZ-TE OUVIR

Dias 18 e 19 de Outubro terá lugar em Lisboa a cimeira de chefes de Estado e Governo da União Europeia. O ponto principal desta cimeira é a assinatura do novo Tratado para uma Constituição Europeia que substitui o texto chumbado em referendo em França e na Holanda. Após assinado, é suposto o Tratado ser ratificado em cada estado-membro nos respectivos parlamentos sem que as suas populações sejam ouvidas. O Tratado vem reforçar as políticas neo-liberais que temos vindo cada vez mais a sofrer na pele nos últimos anos. Políticas de liberalização dos despedimentos, políticas precarizadoras do trabalho, de privatização do ensino e da saúde, de extinção de serviços públicos e acção social. Políticas de destruição do ensino superior público sob a forma da subida das propinas, de implementação à força de Bolonha e do novo regime jurídico que vem abrir o caminho à gestão privada das universidades. A CGTP aproveita esta oportunidade ímpar para convocar uma grande manifestação para contestar os ataques aos trabalhadores e fazer ouvir as suas reivindicações de justiça social e emprego com direitos. Reivindicando o direito de todos ao ensino e uma sociedade justa, a nossa adesão enquanto estudantes vem dar mais força ao protesto!




A presença de todos é importante!

Esta Europa Não!

Faz-te ouvir!


MANIFESTAÇÃO 18 DE OUTUBRO

PARQUE DAS NAÇÕES

CONCENTRAÇÃO 14:30
METRO OLIVAIS



CONTACTOS:

saltaconnosco@gmail.com (FMUL)
move.aberto@gmail.com (ISA)
fainalternativa@gmail.com (ISCSP)
gae_iscte@yahoo.com (ISCTE)
mata.info@gmail.com
muda.fcul@gmail.com (FCUL)

domingo, 14 de outubro de 2007

Buraco orçamental no ensino politécnico


Ordenados de professores da Escola Superior de Comunicação Social em risco


Docentes foram informados que ordenado e subsídio de Dezembro estava em risco. Escola diz que já resolveu, mas a incerteza permanece.


Carolina Reis


Dezembro sem ordenado, sem subsídio e o adiamento da assinatura dos contratos do ano lectivo que já está a decorrer como prendas de Natal. São estes os cenários que estão a tirar o sono aos professores da Escola Superior de Comunicação Social (ESCS) de Benfica.


O presidente do Conselho Directivo da ESCS, António Belo, informou os docentes que a escola ficou sem dinheiro para os vencimentos e subsídios de Natal de Dezembro, depois de pagar os descontos, de 7,5%, à Caixa Geral de Aposentações (CGA).


Ao Expresso, António Belo garante que tudo está resolvido. "Entretanto, os 207 mil euros necessários para pagar Dezembro e o 13º mês já vieram do Instituto Politécnico de Lisboa (IPL)", que anteontem terá aprovado a transferência da verba, o que faz com que os contratos também estejam assegurados. "Só assim foi possível finalizar o processo burocrático dos contratos de trabalho, que são renovados anualmente, porque é necessário existir a garantia de que podem ser pagos todos os meses até ao fim do ano".






Tutela ignora, Politécnico avança


Recorrer ao IPL foi a única solução que restou à ESCS para assegurar o funcionamento das aulas, já que ainda não chegou a resposta ao pedido feito, em Agosto, ao Ministério das Finanças (MF), para reforço do orçamento.


Contactado pelo Expresso, o assessor do MF não se quis alongar em declarações, adiantou apenas: "se foi feito algum pedido será respondido". Por apurar fica se havia a noção de que a resposta tardia estava a pôr em causa os ordenados, subsídios e contratos dos docentes. No entanto, para António Belo a situação é clara: "Se estivéssemos à espera do MF estaríamos em maus lençóis".


Regras mudadas a meio do jogo


Os novos descontos para a Caixa Geral de Aposentações (CGA), que as instituições de ensino superior passaram a ter de pagar, causaram um buraco orçamental em algumas escolas.


Porém, os estabelecimentos de ensino têm três alternativas para efectuar o pagamento: Podem utilizar o saldo do ano anterior, pedir um reforço do orçamento ao MF ou recorrer ao Instituto Politécnico que integram.


No caso concreto da ESCS, bastou uma "obra de impermeabilização nas instalações para que o dinheiro no saldo de 2006 se esgotasse", explicou António Belo. Logo, a escola teve de accionar as alternativas para garantir os pagamentos.


Há mais escolas em dificuldades


O presidente do IPL, Luís Vicente Ferreira, alerta que este ano o instituto conseguiu transferir dinheiro para a ESCS, mas que há mais escolas politécnicas em Lisboa com dificuldades.


"Para o ano uma grande parte das escolas pode não ter dinheiro, porque este ano esgotou o seu saldo para pagar os descontos para a CGA. Só duas ou três escolas não esgotaram o saldo".


Luís Vicente Ferreira indica a Escola Superior de Música, a Escola Superior de Teatro e Cinema, a Escola e o Instituto Superior de Engenharia de Lisboa como as próximas a poderem ficar na mesma situação da ESCS.



notícia retirada do site
EXPRESSO
imagem:
Faez Alidousti/ Iran

2,508,000,000


Este número é nem mais nem menos do que o Orçamento que o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior dispõe para este ano. As prioridades estão estabelecidas, encabeçadas pelas parcerias com instituições riquíssimas como o MIT (Massachussets Institute of Technology).. Pena é que as Faculdades tenham de ser deixadas sozinhas à procura de rendimentos para pagarem as suas dívidas e para isso vão ter de sobrecarregar os alunos.

Mais uma vez lá se vai o Ensino como um direito fundamental e volta-se a violar a Constituição Portuguesa que vela por um Ensino tendencialmente gratuito.

imagem: Slawomir Luczynski/Poland

sexta-feira, 12 de outubro de 2007


o, não é mais um crédito bancário


É só uma festa, um debate, uma reunião, um jogo de cintura. É só um treino para a luta contra a precariedade e os seus abusos.


É a Noite Precária, organizada pelos

precári@s inflexíveis


A 12 de Outubro, em Lisboa

no Grémio Lisbonense (ao Rossio)


A partir das 21:30


Com música de Pedro e Diana e outros relatos e sons do precariado. Com debate aberto e a presença de artistas convidados do FERVE, ABIC, Sinttav, Intermitentes do Espectáculo e Move, entre outros.

E os ministros e patrões que quiserem aparecer.




o precariado está a acordar por aqui

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Fundação? Não é desta!!


Soube desta notícia ao ler o blog do
MuDA


Votação renhida

11.10.2007, Bárbara Wong


doutorados do Técnico votaram contra a criação de uma assembleia ad hoc para a eventual criação de uma fundação

O conselho científico do Instituto Superior Técnico (IST) disse "não" à criação de uma fundação pública de direito privado, uma figura prevista no Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior, que ontem entrou em vigor. Na segunda-feira o conselho científico, que reúne cerca de 700 professores doutorados, reuniu-se para discutir a proposta de criar uma assembleia ad hoc para eventual criação da fundação. As votações decorreram até ontem e, contados os votos, 276 professores recusaram, contra 258 a favor de que se criasse a assembleia, nove votos brancos e um nulo.
"Não tenho memória de uma votação tão participada", diz um professor que não quer ser identificado. "A escola está dividida", aponta uma docente que pede o anonimato. "Esta foi uma grande derrota para o senhor ministro e para o presidente do Técnico", interpreta um outro docente.



A nova lei prevê que as instituições interessadas possam constituir-se em fundações de direito privado. Desde que o projecto do ministro Mariano Gago começou a ser discutido que uma das vozes a favor da mudança foi a do presidente do IST, Carlos Matos Ferreira, que declarou o desejo que o Técnico saísse da Universidade Técnica de Lisboa e fosse uma fundação. Porquê? Porque poderia passar a escolher os seus alunos e professores, além de que teria um orçamento maior, explicou na altura. Agora, a sua escola disse "não". Ao longo do processo de discussão da lei ouviram-se críticas e o reitor da Universidade de Coimbra, Seabra Santos, chegou mesmo a dar voz a alguns rumores de que esta lei era feita à medida do IST. Durante a cerimónia de abertura do ano académico disse que o ensino superior teria melhores reformas "se quase todos os responsáveis políticos" do ministério não fossem "de uma só escola". O ministro Mariano Gago, o secretário de Estado Manuel Heitor, o presidente da Fundação para a Ciência e Tecnologia João Sentieiro, o director do programa Portugal/MIT Paulo Ferrão são todos do IST. O PÚBLICO tentou ouvir Matos Ferreira e Ramôa Ribeiro, reitor da Universidade Técnica de Lisboa, sem sucesso.

notícia do site PÚBLICO.PT

imagem: Angel Boligan/Mexico

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Cientistas explicam por que é que a versão criacionista do mundo não faz sentido

08.10.2007, Ana Gerschenfeld


Há anos que os criacionistas lutam para afastar do
ensino escolar a teoria da evolução de Darwin


É um debate na moda, que põe em cena duas visões opostas e irreconciliáveis: a teoria da evolução das espécies de Darwin e o criacionismo, um movimento religioso fundamentalista. Na próxima semana, seis cientistas vão explicar, na Culturgest de Lisboa, por que é que a versão criacionista do mundo não faz sentido.
Também conhecido como teoria da "concepção inteligente" (intelligent design), o criacionismo defende que a vida na Terra começou tal como diz a Bíblia: com Deus a criar em seis dias o Universo, a Terra, os animais, o homem e a mulher. Há anos que os criacionistas lutam para afastar do ensino escolar a teoria da evolução de Darwin - ou pelo menos colocá- -la em pé de igualdade com a história bíblica - e nos EUA têm tido bastante sucesso. O seu "avanço" na Europa tem sido mais modesto. Contudo, um grupo de cientistas portugueses achou que era preciso lançar este debate entre nós. E por ocasião da publicação do seu livro, intitulado Evolução e Criacionismo - Uma Relação Impossível (Ed. Quasi), a Culturgest organizou um ciclo de cinco conferências com o mesmo título, que decorrerão de 8 a 12 de Outubro ao ritmo de uma por dia, sempre pelas 18h30.



http://www.phil.uu.nl/staff/lith/images/darwin_monkey_1.jpg




"Porquê, no início do século XXI, um livro em Portugal sobre a aceitação da evolução?", pergunta, na introdução do livro, Augusta Gaspar, investigadora do ISCTE e coordenadora e co-autora do trabalho. "Ainda há na nossa sociedade quem acredite realmente que os organismos vivos foram criados em seis dias como relata o livro do Génesis? Sim. Mas isso talvez não fosse um problema se não existissem movimentos de criacionismo científico", responde a investigadora. Existe um perigo real, explica: "A Internet fervilha de textos e vídeos sobre criacionismo capazes de deixar qualquer um, que não tenha conhecimentos sólidos de ciência e de evolução em particular, num tornado de ideias desarrumadas. O criacionismo "científico" tem criado muitos problemas no ensino da Biologia nos Estados Unidos, invadiu a Europa há alguns anos e começou agora a movimentar-se em Portugal."
Para além desta cientista, os outros conferencistas e co-autores do livro são Teresa Avelar e Frederico Almada, da Universidade Lusófona; e Octávio Mateus, do Museu da Lourinhã. Participam ainda Gonçalo Jesus, também da Universidade Lusófona, e Margarida Matos, da Universidade de Lisboa.


notícia do site PÚBLICO.PT

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Agricultura portuguesa ainda é pouco competitiva

02.10.2007


A agricultura portuguesa sofreu ao longo dos últimos anos um significativo processo de ajustamento estrutural, mas isso ainda não foi suficiente para a tornar numa actividade economicamente competitiva. A conclusão é do Instituto Nacional de Estatística (INE), que acaba de facultar o retrato do "Portugal Agrícola 1900-2006". O trabalho, que agrupa 500 séries estatísticas sobre a actividade do sector primário, permite verificar que a dimensão média das explorações agrícolas passou, nestes 16 anos, de 6,7 para 11,4 hectares, que aumentou a produtividade no campo e que as terras aráveis deixaram de ser o olhar predominante para serem progressivamente substituídas pelas pastagens permanentes. É o reflexo de uma aposta mais clara em aptidões para bovinos de leite, gado, carne e ovinos, muito potenciada pelos apoios pelo regime de apoios da Política Agrícola Comum.






Ainda de acordo com o Instituto de Estatística, a área de cereais para grão (onde não somos competitivos) perdeu um milhão de hectares em 16 anos. Mas o milho e as culturas industriais conquistaram assinaláveis ganhos de produtividade. Os pomares de pêra, cereja e alguns frutos secos "apresentam boas perspectivas de progressão" e as culturas mediterrânicas - vinho e azeite - continuam a ser uma aposta viável, ainda de acordo com o INE. O envelhecimento da população rural continua a ser um dos principais dramas do sector. J.M.R.


notícia do site PÚBLICO.PT

imagem:
Valentin Druzhinin/Russia

Biocombustíveis podem ser piores para o clima do que o petróleo

02.10.2007, Ana Fernandes



As emissões da produção de biocombustíveis suplantam os benefícios do seu uso



As dúvidas sobre o impacto positivo do uso de biocombustíveis crescem a cada dia que passa. Acusados de destruir as florestas tropicais e de contribuir para o aumento do preço dos alimentos, agora é a sua própria razão de ser que é posta em causa. Um estudo do Prémio Nobel da Química, Paul J. Crutzen, indica que estes podem ser piores para o clima do que os combustíveis fósseis. A acusação não é nova. Já muitos fizeram as contas à energia gasta para os produzir, comparando-a com aquela que geram, concluindo que, nalguns casos, o balanço era negativo. Desta vez, Crutzen, do Instituto Max Planck de Química (Alemanha), com colegas americanos, austríacos e britânicos, avança que o óxido nitroso libertado pelo uso de fertilizantes nas culturas energéticas tem piores efeitos que os gases emitidos pelo uso de petróleo. Segundo o estudo, publicado na revista Atmospheric Chemistry and Physics, a colza, muito usada na Europa para o biodiesel, e o milho, que nos EUA está na base do etanol, produzem entre 50 a 70 por cento mais gases com efeito de estufa do que os combustíveis fósseis. Isto por causa das emissões de óxido nitroso - um subproduto dos fertilizantes à base de nitrogénio usados na agricultura -, que tem 296 vezes mais potencial de aquecimento global que o dióxido de carbono. A investigação liderada por Crutzen chega a resultados três a cinco vezes mais graves do que anteriores análises de ciclo de vida feitas sobre os biocombustíveis. Isto sem terem incluído nas contas a energia gasta para transformar os materiais agrícolas em combustíveis, sublinham os autores, que podem ainda tornar mais evidentes os efeitos negativos do seu uso.






De todos os materiais agrícolas usados na produção de biocombustíveis, o que continua a surgir como o que oferece mais benefícios é a cana-de-açúcar. Mas como estas culturas estão situadas nos trópicos, crescem os receios sobre o seu impacto em relação às florestas. Mesmo que não sejam as causadoras directas da destruição, são acusadas de, na ânsia de procurar novos terrenos, empurrar outras culturas, como a soja e as pastagens, para dentro da mancha verde. Os autores aconselham a mais estudos sobre o ciclo de vida dos biocombustíveis e defendem que os cientistas e os agricultores devem apostar em culturas e métodos de cultivo menos intensivos. Mas, neste momento, tal como está a ser produzido, "o etanol feito a partir do milho não passa de um exercício inútil", disse um dos autores, Keith Smith, à Reuters. A febre do etanol nos EUA está a atingir o seu pico, relata o New York Times. A corrida, com preços nunca vistos do milho e o aumento do preço dos alimentos, provocou excesso de oferta, que não encontra escoamento e está a pressionar os preços em baixa. O ritmo a que foram construídas as destilarias não foi acompanhado pela distribuição e a abundância de etanol no mercado assusta os investidores. O problema é que este biocombustível é corrosivo e permeável à água e impurezas, pelo que não pode ser distribuído pela rede de oleodutos, o que satura os outros meios de transporte, inundados pelo novo produto.



notícia do site PÚBLICO.PT


imagem: Ares/Cuba