sexta-feira, 16 de março de 2007

Não podemos aceitar a ameaça do racismo e da violência na Escola!

(Extrema-direita tenta usar a Faculdade de Letras como “palco”)

Nos últimos dias, a extrema-direita organizou-se para deixar várias mensagens de ódio e eliminar a comunicação de várias organizações nas paredes da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. “Portugal aos portugueses” ou “Fascismo é a solução” são apenas algumas das frases escolhidas para intimidar toda a comunidade escolar.

Ontem, dia 15/03/2007, juntaram-se vários estudantes, sobretudo daquela faculdade, para pintar um mural que recusasse a violência, o racismo e a ameaça.

Na tarde de ontem, várias dezenas de skinheads marcaram presença física no local e, sentindo a impunidade de que gozam, ameaçaram as pessoas que pintavam o mural – até fotografias tiraram, “nas barbas” da polícia!

Sim, da polícia! Porque o Conselho Directivo, que tinha ficado indiferente às mensagens anteriores (e, inclusivamente, declarou hoje que as preocupações dos estudantes são apenas “desabafos”!!!), fez por impedir esta iniciativa e chamou a polícia. A polícia impediu que o mural fosse terminado e “convidou à retirada” dos seus executores, “escoltando-os”. Ficaram os skinheads, impunes, que puderam continuar a rir e a passear a sua atitude (também) de policiamento.

O MOVE sabe que este não é apenas um assunto da Faculdade de Letras. Ironicamente, é impossível estabelecer fronteiras quando falamos da ameaça da violência racista e fascista. Não é possível aceitar que ela chegue (também) à Escola, perante a indiferença de toda a gente que tem responsabilidade! Afirmar a preocupação com o que hoje aconteceu em Letras é reconhecer que este problema toca a todos – não podemos aceitar a ameaça do racismo e da violência: na Escola e na vida toda, mesmo que pareça que ainda “não é connosco”...

Sabemos que este é um sintoma de uma Escola que definha perante vários vazios. Mas também sabemos que é possível afirmar outras coisas e fazê-las.

Abril, que está à porta, marcará mais um aniversário da revolução portuguesa que pôs fim a meio século de perseguições, torturas, guerras e mordaças. Mas celebrá-la tem que ser mais do que uma “obrigação” decorrente do calendário oficial. Fazer mais do que “picar o ponto” das efemérides é repensar hoje o que aconteceu antes, mas arriscando pensar no presente e no futuro, sabendo que é aí que está a urgência da transformação. O MOVE, no ISA, tentará fazer isso mesmo.

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