2007-12-11 19:03:00 Lusa
Os perto de 600 alunos da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa iniciaram hoje uma greve, alegando falta de condições no edifício que "colocam em perigo a saúde dos utentes e não apenas a aprendizagem".
A presidente da Associação de Estudantes da Faculdade de Medicina Dentária (FMD), Marta Novo, sublinhou à Lusa que na origem desta greve inédita estão os "problemas visíveis" de degradação dos edifícios, que se agravam em dias de muita chuva, já que há necessidade de colocar baldes no chão das clínicas abertas ao público em geral que funcionam na instituição.
"Está em risco a saúde dos pacientes porque não se podem garantir as condições de assepsia e a segurança dos espaços dentro da clínica", acrescentou o vice-presidente da Associação de Estudantes, Gonçalo Assis. "Os pacientes têm que caminhar entre os baldes e os alunos que estudam para assistentes não conseguem fazer o trabalho deles porque têm de mudar os sacos dentro dos baldes onde a chuva se acumula", completou Marta Novo, sublinhando estar ainda em causa "a qualidade de ensino dos alunos e a dificuldade dos professores em ensinarem condignamente".
Os estudantes argumentaram ainda estarem a trabalhar com equipamento que data da abertura da FMD, há 30 anos, que "é intensamente usado por pessoas mais inexperientes". "Chegou-se a um ponto de ruptura em que os locais onde atendemos pacientes não têm o mínimo de condições admissíveis para prestar cuidados de saúde. E conseguimos unir alunos e professores", referiu Marta Novo.
Gonçalo Assis sublinhou ainda que a faculdade "está a prestar um serviço de saúde público face ao panorama da falta de oferta de serviços de saúde oral no Serviço Nacional de Saúde".
O director da Faculdade de Medicina Dentária, Vasconcelos Tavares, comentou à Lusa que a direcção compreende os motivos da greve e fez eco das dificuldades orçamentais que o estabelecimento de ensino vive.
O orçamento destinado a resolver as infiltrações no telhado ronda os 400 mil euros, lembrou o responsável, referindo ainda o problema do uso intensivo do equipamento por parte dos alunos. "Mas a qualidade do atendimento aos pacientes nunca esteve comprometida", garantiu. "Apenas um terço dos equipamentos funciona bem", acrescentou Mário Bernardo, vice-director da FMD.
Tanto os alunos como a direcção recordaram também que as receitas brutas geradas pelas clínicas dentárias a funcionar no seio da FMD são idênticas ao orçamento estatal recebido pela instituição. No ano passado, a FMD recebeu 2,6 milhões de euros e as clínicas, até Novembro último, facturaram 2,5 milhões de euros. "As receitas têm de servir para melhoramentos e não para pagar as despesas de manutenção", defendeu a presidente da associação de estudantes.
Para a dirigente, a situação tem como origem a "contínua desorçamentação do Ensino Superior". "Tivemos um corte de 80 mil euros e a orçamentação é feita de uma forma cega, já que um estudante de medicina dentária recebe aproximadamente o mesmo que um estudante de psicologia", disse.
A Associação de Estudantes já reuniu segunda-feira com o reitor da Universidade de Lisboa, António Sampaio da Nóvoa, que se manifestou "chocado com o facto de uma unidade orgânica da Universidade de Lisboa estar em risco de fechar". "A reitoria não tem dinheiro disponível para colmatar os nossos problemas, mas foi-nos transmitido que ficará do nosso lado para pedir uma solução de excepção junto do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior", acrescentou Marta Novo.
Uma posição reafirmada esta tarde num outro encontro, no qual a direcção da FMD apresentou um orçamento total de 925 mil euros para resolver os problemas que enfrenta. A reitoria decidiu enviar quarta-feira à Faculdade um técnico para realizar um novo orçamento e um relatório de segurança, que deverão estar concluídos dentro de 72 horas.
Os alunos aguardam também uma autorização do Governo Civil para se manifestarem em frente do edifício da tutela e asseguram que a greve deverá continuar pelo menos até ao próximo dia 19, altura em que terminam as aulas. "As nossas acções terminarão quando houver um compromisso sério de que o material para as clínicas será comprado, porque não faz sentido voltarmos para os mesmos locais de consulta quando achamos que não há o mínimo de condições. Isso seria andar para trás", referiu Marta Novo.
A Lusa tentou contactar, sem sucesso, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.
A presidente da Associação de Estudantes da Faculdade de Medicina Dentária (FMD), Marta Novo, sublinhou à Lusa que na origem desta greve inédita estão os "problemas visíveis" de degradação dos edifícios, que se agravam em dias de muita chuva, já que há necessidade de colocar baldes no chão das clínicas abertas ao público em geral que funcionam na instituição.
"Está em risco a saúde dos pacientes porque não se podem garantir as condições de assepsia e a segurança dos espaços dentro da clínica", acrescentou o vice-presidente da Associação de Estudantes, Gonçalo Assis. "Os pacientes têm que caminhar entre os baldes e os alunos que estudam para assistentes não conseguem fazer o trabalho deles porque têm de mudar os sacos dentro dos baldes onde a chuva se acumula", completou Marta Novo, sublinhando estar ainda em causa "a qualidade de ensino dos alunos e a dificuldade dos professores em ensinarem condignamente".
Os estudantes argumentaram ainda estarem a trabalhar com equipamento que data da abertura da FMD, há 30 anos, que "é intensamente usado por pessoas mais inexperientes". "Chegou-se a um ponto de ruptura em que os locais onde atendemos pacientes não têm o mínimo de condições admissíveis para prestar cuidados de saúde. E conseguimos unir alunos e professores", referiu Marta Novo.
Gonçalo Assis sublinhou ainda que a faculdade "está a prestar um serviço de saúde público face ao panorama da falta de oferta de serviços de saúde oral no Serviço Nacional de Saúde".
O director da Faculdade de Medicina Dentária, Vasconcelos Tavares, comentou à Lusa que a direcção compreende os motivos da greve e fez eco das dificuldades orçamentais que o estabelecimento de ensino vive.
O orçamento destinado a resolver as infiltrações no telhado ronda os 400 mil euros, lembrou o responsável, referindo ainda o problema do uso intensivo do equipamento por parte dos alunos. "Mas a qualidade do atendimento aos pacientes nunca esteve comprometida", garantiu. "Apenas um terço dos equipamentos funciona bem", acrescentou Mário Bernardo, vice-director da FMD.
Tanto os alunos como a direcção recordaram também que as receitas brutas geradas pelas clínicas dentárias a funcionar no seio da FMD são idênticas ao orçamento estatal recebido pela instituição. No ano passado, a FMD recebeu 2,6 milhões de euros e as clínicas, até Novembro último, facturaram 2,5 milhões de euros. "As receitas têm de servir para melhoramentos e não para pagar as despesas de manutenção", defendeu a presidente da associação de estudantes.
Para a dirigente, a situação tem como origem a "contínua desorçamentação do Ensino Superior". "Tivemos um corte de 80 mil euros e a orçamentação é feita de uma forma cega, já que um estudante de medicina dentária recebe aproximadamente o mesmo que um estudante de psicologia", disse.
A Associação de Estudantes já reuniu segunda-feira com o reitor da Universidade de Lisboa, António Sampaio da Nóvoa, que se manifestou "chocado com o facto de uma unidade orgânica da Universidade de Lisboa estar em risco de fechar". "A reitoria não tem dinheiro disponível para colmatar os nossos problemas, mas foi-nos transmitido que ficará do nosso lado para pedir uma solução de excepção junto do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior", acrescentou Marta Novo.
Uma posição reafirmada esta tarde num outro encontro, no qual a direcção da FMD apresentou um orçamento total de 925 mil euros para resolver os problemas que enfrenta. A reitoria decidiu enviar quarta-feira à Faculdade um técnico para realizar um novo orçamento e um relatório de segurança, que deverão estar concluídos dentro de 72 horas.
Os alunos aguardam também uma autorização do Governo Civil para se manifestarem em frente do edifício da tutela e asseguram que a greve deverá continuar pelo menos até ao próximo dia 19, altura em que terminam as aulas. "As nossas acções terminarão quando houver um compromisso sério de que o material para as clínicas será comprado, porque não faz sentido voltarmos para os mesmos locais de consulta quando achamos que não há o mínimo de condições. Isso seria andar para trás", referiu Marta Novo.
A Lusa tentou contactar, sem sucesso, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.
1 comentário:
curiosamente, o presidente da associação de estudantes de medicina dentária não quer solidareidade dos colegas das outras faculdades nem acha que deve juntar as reivindicações da sua escola às que se multiplicam pelas escolas de todo o país.
«sozinhos é melhor. já há tão pouco dinheiro, que se nos juntamos todos a pedir, não dá nada para ninguém»
é uma bela afirmação para quem não se lembra dos livros de História. nesses livros, há uma constante que faz perceber que quanto mais gente procura uma coisa, mais essa coisa acontece.
talvez o nosso momento não faça parte da história. e assim, também não fará no futuro.
mas eu estou com as pessoas de dentária, que não têm dinheiro para desinfectar o material com que dão consultas; estou com as pessoas de medicina de santa maria que já sentem as pantufas pesadas dos senhores banqueiros; estou com as pessoas do técnico que sofrem chantagem dos directores da escola, estou com todas as pessoas que já sentem que é preciso mudanças.
e essas pessoas são tantas, que já chegam para meia página nos livros de história dos nossos sobrinhos
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