Em Coimbra, no contexto da "Real Praxe", Luís Vaz, 20 anos, estudante de Engenharia do Ambiente na Escola Superior Agrária de Coimbra, ter-se-á lançado de um escorrega, com um desnível de 2 metros, para um "lago" de lama e palha. A queda resultou em lesões vertebro-medulares a nível da coluna cervical, sendo que neste momento o estudante se depara com a possibilidade de uma tetraplegia permanente.
No mesmo dia, em Elvas, também no contexto das actividades de recepção ao caloiro, João Pedro Farinha, estudante do 1º ano na Escola Superior Agrária de Elvas, após o "tradicional" rally tascas, terá sofrido uma queda de uma altura de 20 metros, perante o olhar atónito dos seus colegas.
O que é apontado como uma brincadeira, moderada e desejável, é-o apenas no discurso, porque as suas práticas traduzem um total desrespeito pelas liberdades e direitos das pessoas que nelas participam. Na nossa opinião, tal apenas vem demonstrar que as estruturas que a praxe tem vindo a organizar numa tentativa de legitimização, institucionalização e moderação (que surgiram como resposta às pressões de uma opinião pública cada vez menos disposta e menos tolerante perante as "brincadeirinhas" da praxe), não são mais que uma operação cosmética a algo que na sua essência não é mascarável: a subjugação dos estudantes pelos estudantes.
É imperativo que a comunidade escolar (estudantes, professores e funcionários), o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e a sociedade reflictam sobre estes fenómenos. Aliás, espanta-nos que no início da sua legislatura o ministro Mariano Gago tenha manifestado total repúdio perante estas práticas, tendo chegado a caracterizá-las como fascistas, mas que rapidamente tenha adoptado uma postura de total silêncio sobre o assunto.
Chamar brincadeira e integração a algo que permite a prática de actos bárbaros e transforma estudantes, supostamente iguais entre si, em executantes de práticas selvagens e arbitrárias obriga a que a sociedade portuguesa, que se diz livre e democrática, reflicta urgentemente e de forma muito séria sobre as praxes.
M.A.T.A. - movimento anti-"tradição académica"
3 comentários:
Olá!
Vim comentar esta notícia porque eu estive lá na Escola Superior Agrária de Coimbra, e sou caloira. Estou a comentar isto apenas porque nada me aconteceu de mal, não me magoei, nao fiquei doente.. Nada . E muitos dos meus colegas também. Para nós foi um dia muito giro. E quem nao quisesse fazer alguma coisa, nao o fazia. Nao era obrigado a fazer. Só foi para lá quem quis! A única coisa q eu nao percebo é mesmo, se o aluno Luis Vaz, não era caloiro, o que é que ele foi lá fazer ? Depois de se ter magoado, quase que por iniciativa própria, estragou o dia a muitas pessoas . Nao puderam passar pelo túnel q é das partes mais esperadas .
Se calhar podem ter percebido mal o meu comentário anterior.
O meu objectivo principal era tentar dizer que às praxes só vai quem quer. Ninguem é obrigado. E sim, tenho pena do q aconteceu ao Luis. Nao lhe desejo mal . Apenas que se façam todos os possiveis para ficar melhor (na medida do possivel)
meus amores:
O João Pedro é meu amigo e felizmente recuperou a sua saúde física.
Em Elvas, na noite em que se embebedou, fê-lo por livre vontade. O acidente não foi responsabilidade de nenhum dos presentes, nem fora evitável nas circunstancias em causa. O João continua a emborrachar-se mais do que devia, dentro e fora dos âmbitos das praxes.
Abraços
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