sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Mas tem de ser sempre assim?


Mais um início de ano no ISA e acontece sempre o mesmo, não se consegue evitar parece... Uma pessoa sobe a rampa até ao Edifício Principal e tem de levar com a praxe. São pessoas pintadas a correr descalças a irem buscar minis, é pessoal com traje a cheirar a naftalina pois só sai do armário nesta altura.



É arrebanhar a caloirada que assim é que é!!! Afinal isto é só diversão.. Ó caloira vai-me buscar umas minis!!! Ó caloiro decalça aí um sapato porque a oferta é tão fraca nesta faculdade que temos de te tirar um téni para não te ires embora e ficares aqui o dia todo na diversão. Os padrinhos são para as meninas e as madrinhas para os meninos porque não queremos cá confusões!! E continuam no refeitório a gritar os mesmos hinos de sempre, a serem apresentados à capa e batina que é um elemento que traz igualdade aos estudantes, afinal existe desde tempos imemoriais... Esquece-se é que a sua invenção foi exactamente para trazer a diferença, distinguir a ralé dos senhores doutores, e hoje em dia continua com o mesmo objectivo.


Façam-se festas? Sim!


Juntem-se os alunos que chegam para se conhecerem? Porque não?


Façam-se jogos para o pessoal se conhecer e se divertir? Sim!


Agora façam-se é estas coisas com base no respeito mútuo e fora da folha quadriculada da suposta tradição que vem apertar a oferta de outras coisas na faculdade sempre dentro dos mesmos moldes. Gasta-se tudo na primeira semana a introduzir os estudantes ao conformismo e depois passa-se um ano a estudar muitíssimo, porque já não há praxe, não há mais nada... E o espírito de participação é logo desviado ao início, pois não se criam coisas novas de mãos atadas.


Agora perguntem-se, tem de ser sempre assim?


imagem: símbolo da Ordem Praxe e Academia

2 comentários:

feija disse...

esta noite sonhei com um debate espontâneo sobre a existência de movimentos anti-praxe.
o que acontece geralmente, e aconteceu também no sonho, é que as reacções (reacionários!!!) contra estes movimentos costumam ser bastante fracas no seu argumentário. "vocês vêm aqui só estragar a festa!"

'mas qual festa? o que festejas?'

num momento em que a Escola se afunda num buraco privado (primeiro vem a autonomia das universidades, depois vêm as propinas, depois vem o RJIES e as fundações de gestão privada, depois fala-se de autonomia das escolas secundárias... E os netos da nossa geração , quando já não existirem pensões de reforma, vão ter que pedir um empréstimo a um banco para comprar os livros da 1ª classe) continuamos a festejar a chegada a um sítio que nos leva à precariedade, à insegurança, à incerteza do dia seguinte.
continuamos a festejar uma coisa que representa cada vez menos e que nos leva, cada vez mais, a lugar nenhum onde estão todas as outras pessoas (excepto algumas. Elites.).

mas, realmente, é bom festejar. Festejar coisas boas, como o normal convívio entre as pessoas (amigos e ainda-não-amigos), onde todos têm lugar a falar e a pensar (ou a pensar alto, ou a falar baixo, ou a ouvir, ou a estar simplesmente, ou a fazer o que gostam) sem opressões, sem ter que olhar para o chão, sem ter que se levantar para buscar a cerveja de outro...
Eu gosto de festejar com os meus amigos. Porque eu gosto dos meus amigos. Com cerveja, ou com água, ou com baton nos lábios, ou com um cigarro na mão, ou com um caderno de pensamentos... Eles não me oprimem. Eles convivem comigo como eu convivo com eles.

E festejamos o nosso convívio... convivendo.

Anónimo disse...

não te suicides...