quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Primeiro dia de inscrições

3 de Setembro de 2007. Meio-dia.
Cerca de 300 senhas distribuídas. Cerca de 11 pessoas atendidas desde as 9h da manhã.


Problemas nos programas informáticos, dúvidas difíceis de esclarecer “a cada caso”, confirmações de regras de transição, currículos alterados à última hora, por falta de resposta do Ministério… São pequenas coisas isoladamente, mas cuja reunião traz à memória compromissos pasados.

A afirmação da aprovação de todos os cursos com currículo de Bolonha feita pela Prof. Graça Abrantes (no final do ano lectivo na FIL) aos jovens que decidiam para que cursos quereriam entrar afinal era mentira, nem todos estão aprovados.

O programa informático de simulação da inscrição que, segundo o Conselho Pedagógico, entraria em funcionamento no início das férias e teria como objectivo facilitar as duas semanas de inscrições, não existiu programa de simulação.

As regras e contas de números associados a disciplinas que englobavam quase todos os casos, como foi dito nas reuniões de esclarecimento com a Prof. Luísa Louro e o Prof. Mourato, e que servem agora a menos pessoas deixam até de ser aceites em muitos casos.

A paciência e esperança pedida pelos professores aos alunos de Arquitectura Paisagista na aprovação do Mestrado Integrado pelo Ministério, em Dezembro passado, acompanhando a convicção de que o mês seguinte traria boas novidades a esse respeito. Aos três meses de atraso somam-se mais nove, continhas feitas e o atraso da resposta já vai com um ano.



Recuando ainda mais no tempo (primeiro trimestre de 2006), quase nos esquecemos da primeira sessão de esclarecimento sobre o processo de Bolonha no I.S.A.. No anfiteatro onde centenas de pessoas tentavam perceber como mudariam as suas vidas, disse-se que a urgência em acompanhar o desenvolvimento do processo requeria trabalho e colaboração de todas as pessoas para uma rápida implementação das regras que melhorariam o futuro do ensino do Instituto.

O caos no edifício, no primeiro dia de inscrições, é parte do reflexo do caos construído ao longo dos últimos dois anos.

A pressa de chegar ao fim da implementação do processo de Bolonha quase faz parecer normais todas as trapalhadas que se foram atropelando ao longo do caminho, e esconde até ilegalidades relacionadas com a aprovação dos currículos. É essa pressa que constrói regras feitas por poucas pessoas (e sem os alunos) e que refaz regras que se sobrepõem a regras que vão deixando de fazer sentido ao longo do tempo.

O caso do curso de Arquitectura Paisagista é uma bela caricatura desse caos edificado ao sabor do tempo. A resolução da transição que foi sendo moldada ao aparecimento de novos problemas foi tendo sempre como base o currículo de Mestrado Integrado, e, naturalmente, as decisões das pessoas foram baseadas nas regras que lhes eram apresentadas. Até ao momento decisivo das inscrições, em que, sem pudor e sem responsabilização, pedem aos alunos: “esqueçam as regras. Volta tudo ao currículo antigo, por enquanto.” Por enquanto? Por quanto tempo? Ao currículo antigo? Mas algumas cadeiras deixaram de existir. E os alunos que fizeram o primeiro ano com o currículo de Bolonha? Vão passar para o currículo antigo sem relações lógicas?

“Faz-se o que se pode.” Certo. Seria suficiente se tal não afectasse negativamente as vidas de todas as pessoas, alunos que não sabem o que fazer, professores que não sabem o que planear, funcionários que não sabem o que responder. Seria fácil de aceitar se alguém se responsabilizasse pelo estado do caos. Seria compreensível se a pressão para obter respostas fosse visível e efectivamente consequente.

Mas não aparece ninguém a dizer que vai mesmo resolver o assunto, ninguém que acusa o Ministério na falta de respostas às suas próprias exigências, ninguém que se preocupa com as vidas das pessoas que baloiçam de regra para regra e cujo baloiçar parecer não ter fim. Também nos podemos interrogar acerca da reticência do Ministério em aprovar os mestrados integrados, aconteceu no ISA e aconteceu em Évora, é que ao ser considerado mestrado integrado o curso perde a grande vantagem de Bolonha que é a possibilidade de partir o curso ao meio com financiamentos diferentes em cada ciclo..


Na próxima 5ª feira, às 11h, na Abegoaria, haverá uma reunião para os alunos de Arq. Paisagista para tentar perceber como se “sai deste baloiço” (será uma espécie de tranquilizante?). Haverá uma resposta do Ministério em breve? Como deveremos fazer a inscrição? É suposto encararmos esta situação como algo normal? Vamos (nós, tu, elas, todos…) lá saber respostas. E saber o que fazer.

Porque há coisas para fazer. (Talvez muitas, até!)

1 comentário:

Lourenz disse...

Haviam de ver no técnico! Ainda está tudo às aranhas, os próprios coordenadores não sabem bem o que é que dá equivalência ao quê e como é que isso se faz e então o programa informático através do qual nos inscrevemos ainda faz menos ideia! Seja como for, ele é que manda, então quando ele faz borrada (coisa que acontece invariavelmente - pois se já acontecia quando as coisas inscrições eram simples e claras como um átomo de hidrogénio) quando ele faz borrada.. é ele que manda! Verídico. O programa tem mais poder que os coordenadores das licenciaturas/pseudo-mestrados. O que nos dizem portanto é que esperemos: "No fim vai dar tudo certo".

Vai dar tudo certo?
Como assim? Em que sentido? Isso quer dizer que fico com a nota de MCB no 1º ciclo com equivalência a ECT? Ou tenho de fazer ECT e MCB fica como cadeira extra-curricular como o fénix* diz?
R.: Vai dar tudo certo porque garantimos que a sua média vai ficar na mesma ou melhor.
Ahh!
... Tá bom.

-- Fim de conversa


O pessoal anda meio desanimado mas agora que chegaram os caloiros, que também não sabem exactamente no que é que se estão a meter quando se inscrevem, a malta fica logo com outro alento. Nada como pintar as caras e executar tropelias várias a reles miudos ligeiramente mais novos que entrem no nosso curso para resolver os problemas de um estudante universitário.

- RJIES.

- Desculpa?
- Nada, tava só a ler um panfleto que tava no chão não percebi o que era.
- Caga nisso, baza pro bar de civil mas é beber umas gandas limonadas**


Tudo isto para vos encorajar [embora não pareça], nós também temos marasmo por aqui com fartura. Por isso é que eu gosto deste blog.
Vós sois fixes.
Estar com olhos e ouvidos atentos, cabeças, braços e boca pronta a intervir como der, organização. É isso que o movimento estudantil precisa se quiser ganhar alguma batalha. E se ganhar soa infelizmente quase como um disparate, lutar parece-me a coisa mais digna e certa a fazer. Por nós, claro, mas mais importante, pelos estudantes que estão para vir. Para que não deixem de vir.

Repito.
Sois fixes =)

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*Fénix: Nome pomposo com que o programa encarregado de processar e armazenar a informação dos alunos do técnico foi apelidado. Recentemente foi sugerido (numa moção que contou com o meu apoio) uma alteração do nome para Pintainho. A moção foi recusada com a escusa de que o Fénix é uma ave moribunda (isso é facto) mas dada as suas propriedades - e cito - "há-de renascer das suas próprias cinzas". Supomos que esteja implícito que os dados pessoais dos alunos sejam recuperados posteriormente à carbonização.

** Como medida de... err... como medida, o conselho directivo do técnico decidiu proibir o consumo e venda de bebidas alcoólicas dentro do campus entre as 11 da manhã e as 7 da tarde. Inicialmente geraram-se tumultos nunca vistos, todos julgámos vir a presenciar A Revolução. Entretanto meteram-se as férias e agora o resultado é que vários alunos padecem de alcoolismo pois bebem litros de cerveja de manhã e saem das aulas ao fim do dia para o seu uisque (ou outro digestivo de conhecimento). Pelo meio as propinas duplicam no segundo ciclo de bologna e o técnico há-de se tornar uma fundação privada. "Shhh.. Ninguém reparou..." diz o reitor ao gestor independente de reconhecido mérito no seu novo gabinete ao sabor de um Chianti colheita de 69.
A seguir ao almoço